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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Para quem faz e vive comunicação


OBESIDADE MENTAL

Para reflexão..... que sociedade estamos ajudando a construir......

O prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard, publicou
em 2001 o seu polêmico livro “Mental Obesity”, que revolucionou os
campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

Nessa obra introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que
considerava o pior problema da sociedade moderna. Há apenas algumas
décadas, a humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de
gordura física decorrente de uma alimentação desregrada. É hora de
refletir sobre os nossos abusos no campo da informação e do
conhecimento, que parecem estar dando origem a problemas tão ou mais
sérios do que a barriga proeminente. ”

Segundo o autor, “a nossa sociedade está mais sobrecarregada de
preconceitos do que de proteínas; e mais intoxicada de lugares-comuns
do que de hidratos de carbono.

As pessoas se viciaram em estereótipos, em juízos apressados, em
ensinamentos tacanhos e em condenações precipitadas. Todos têm
opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. ”

“Os ‘cozinheiros’ desta magna “fast food” intelectual são os
jornalistas, os articulistas, os editorialistas, os romancistas, os
falsos filósofos, os autores de telenovelas e mais uma infinidade de
outros chamados ‘profissionais da informação’”.

“Os telejornais e telenovelas estão se ransformando nos hamburgers
do espírito. As revistas de variedades e os livros de venda fácil são
os donuts” da imaginação. Os filmes se transformaram na pizza da
sensatez.”

“O problema central está na família e na escola”.

“Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes
se abusarem dos doces e chocolates. Não se entende, então, como
aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos
animados, por videojogos que se aperfeiçoam em estimular a violência e
por telenovelas que exploram, desmesuradamente, a sexualidade,
estimulando, cada vez com maior ênfase, a desagregação familiar, a
permissividade e, não raro, a promiscuidade. Com uma ‘alimentação
intelectual’ tão carregada de adrenalina, romance, violência e
emoção, é possível supor que esses jovens jamais conseguirão viver
uma vida saudável e regular”.

Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado
“Os abutres”, afirma: “O jornalista alimenta-se, hoje, quase que
exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de
escândalos, e de restos mortais das realizações humanas. A imprensa
deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.”

O texto descreve como os “jornalistas e comunicadores em geral se
desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado
polêmico e chocante”.

“Só a parte morta e apodrecida ou distorcida da realidade é que
chega aos jornais.”

“O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi
Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém
suspeita para quê ela serve. Todos acham mais cômodo acreditar que
Saddam é o mau e Mandella é o bom, mas ninguém se preocupa em
questionar o que lhes é empurrado goela abaixo como “informação”.

Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um
“cateto.”

Prossegue o autor: “Não admira que, no meio da prosperidade e da
abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em
decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a
religião abandonada, a cultura banalizou-se e o folclore virou
‘mico’. A arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce,
entretanto, a pornografia, o cabotinismo (aquele que se elogia), a
imitação, a sensaboria (sem sabor) e o egoísmo. Não se trata nem de
uma era em decadência, nem de uma ‘idade das trevas’ e nem do fim
da civilização, como tantos apregoam. Trata-se, na realidade, de uma
questão de obesidade que vem sendo induzida, sutilmente, no espírito e
na mente humana. O homem moderno está adiposo no raciocínio, nos
gostos e nos sentimentos. O mundo não precisa de reformas,
desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.”

Repassado pelo prof. João Britto e extraido do Blog Teoria da Conspiração - O Que Eles não gostariam que você soubesse…)

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