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Final de semana reservado aos bichinhos: DESCO Super&Atacado promove II Feira de Adoção Pet
Que o convívio com animais de estimação traz inúmeros benefícios para as pessoas não é novidade para ninguém, não é mesmo?. Por acreditar nisso e em defesa dos animais abandonados, o Desco Super & Atacado realiza no próximo sábado, 26/11, em parceria com a Monello e a AEPA, sua II Feira de Adoção Pet.
Àqueles que estão em busca de uma companhia de quatro patas podem visitar o DESCO, neste sábado, a partir das 9h e escolher um focinho carente para adotar. Filhotes de cães, de gatos e cachorros adultos estarão em busca de um novo lar!
Vale lembrar que a I edição da Feira, realizada no mês de agosto, foi muito satisfatória: Vinte cãezinhos adotados. “Foi muito bom sentir as pessoas sensibilizadas, ajudando os animais carentes”, comemorou Elisa, Coordenadora da AEPA.
Então anota na agenda: dia 26/11, a partir das 9h, no estacionamento do DESCO (Av. Senador Alberto Pasqualini, 659), II FEIRA DE ADOÇÃO PET DESCO!
Nos bailes da vida
Um simples meio-fio de calçada na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, é até hoje um dos clubes mais consolidados do país. Sua estrutura, porém, não é feita de paredes, salões e ambientes sofisticados. É feita sim, e principalmente, da amizade, da música e dos sonhos que ligavam um grupo de garotos nos já distantes anos 60.
O edifício Levy, em Belo Horizonte, reduto da família Borges, foi o cenário onde essa amizade e cumplicidade musical nasceu. Naquele apartamento, o já tímido Bituca (Milton Nascimento) entrava pra família de D.Maricota e seu Salomão como o 12º filho da família. Isso, graças a forte amizade que tinha com os irmãos Márcio e Marilton.
O “quarto dos homens” foi o palco para as primeiras investidas daqueles garotos que desde cedo já liam Marx, Sartre, Simone de Beauvoir, Nietzsche e admiravam o cinema de Truffaut. O pequeno Lô, na época ainda um menino de calças curtas, foi despertado pelas melodias inovadoras e pela voz “celestial” de Milton Nascimento. Não demorou muito para que o menino apresentasse as suas próprias composições. Eles ainda não sabiam, mas estavam formando o embrião de um movimento musical que transformaria o panorama da Música Popular Brasileira: o Clube da Esquina.
Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges já fazem parte do imaginário coletivo quando o assunto é amizade, confraria, MPB e Minas Gerais. E a turma não se resumia aos três. O “bando” de cabeças pensantes que passou pelo desenvolvimento de país, pela ditadura militar, a abertura política e a tão sonhada democracia tinha também Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Beto Guedes, Tavinho Moura, Flávio Venturini e Toninho Horta. Isso sem falar nas importantes contribuições de Wagner Tiso, Luiz Carlos Sá e Gutemberg Guarabyra e daquela que praticamente lançou a música mineira e promovia a rapaziada, a gaúcha Elis Regina.
Essas e muitas outras histórias foram passadas para o papel pelas mãos do competente letrista e grande parceiro de Milton Nascimento, Márcio Borges. De forma culta e elegante, o filho nº 2 da família Borges discorre sobre a infância, juventude e as aventuras e desventuras vividas pelos “membros” originais do clube. “Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”(Geração Editorial, 2010) faz jus ao título de forma categórica e demonstra que os ideais que moveram aquela geração de músicos e compositores ainda são o combustível que os mantêm ativos e cada vez mais criativos.
Uma das parcerias mais fecundas música brasileira, como destaca Márcio, foi entre Milton Nascimento e Fernando Brant. Foi numa daquelas tardes regadas a violão e batidas de limão no bar do Maletta, que Fernando Brant entregou sua primeira composição, feita em cima de uma música de Milton. Nascia ali a primeira das mais de duzentas letras em parceria com Bituca: Travessia, 2º lugar no Festival Internacional da Canção Popular de 1967, realizado no Rio de Janeiro.
“Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar”
Brant foi também o responsável e condutor de outras aventuras dos mineiros. À bordo de um jipe Land Rover 1951, a troupe experimentava o sabor da liberdade e da amizade através das ladeiras de Beagá e das montanhas que circundam a capital mineira. O parceiro de quatro rodas, de tão estimado, ganhou nome e virou música: “Manuel, o audaz”, composição de Toninho Horta e Fernando Brant. Apesar de Brant não admitir, Toninho conta que o amigo costumava tirar o volante do jipe e guardá-lo sob o travesseiro. Até que um dia, ao chegar em casa, o jipe não estava mais lá. Ao tentar roubá-lo, mesmo sem capota e volante, o meliante acabou colidindo numa árvore e encerrando assim, a audaciosa carreira do nobre Manuel. Lendas das Gerais.
Inspiradora foi também a criação de outro clássico do Clube. “Para Lennon e McCartney” nasceu durante uma das macarronadas domingueiras da família Borges. Na sala de piano, Lô apresentava ao seu irmão Márcio e ao amigo Fernando, uma melodia que acabara de compor. O garoto se disse inspirado em John e Paul, que recém haviam anunciado o fim dos Beatles e em outras parcerias que, referenciadas pelos rapazes de Liverpool, faziam a sua música com alma e coração, mesmo sabendo que seus inspiradores jamais as ouviriam.
“Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais”
Da união desses músicos, nasceram dois clássicos da MPB, Clube da Esquina (1972) e Clube da Esquina 2 (1978). Canções como “Clube da Esquina nº 2”, “Manuel, o audaz”, “Todo azul do mar”, “Tudo que você podia ser” e “Paisagem da Janela” catapultaram a carreira da maioria dos integrantes do “clube” e formaram parcerias que nos emocionam até hoje. O “trem azul”, que partiu do Ed. Levy e passou pela famosa esquina ganhou o mundo e deixou a sua marca gravada na história. Cabe salientar que esse movimento nunca morreu. Pode até se apagar vez ou outra. Porém, sempre haverá alguém, músico ou fã que mesmo “com a roupa encharcada e a alma repleta de chão” afirmará que “todo artista tem de ir aonde o povo está” e que “cantando se disfarça e não se cansa de viver nem de cantar”.
Matéria publicada no Jornal Opa, em 07/11/2011