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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gratas surpresas

Muitas vezes, ao nos dirigirmos as apresentações, exposições ou palestras, geralmente estamos com o espírito preparado para algo bem didático, longo e muitas vezes maçante.  Em inúmeras situações, porém, somos surpreendidos pelo teor da apresentação ou por eventos externos e até mesmo intervenções de terceiros que abrilhantam ou comprometem a situação.
Tive o privilégio de participar de um evento desses e a grata surpresa de perceber que ainda temos pessoas extremamente sérias, interessadas em desenvolver ações que contribuam e muito na solução de problemas ambientais e urbanos e principalmente, donos de uma retórica afiadíssima e de conteúdo producente.
Apesar de ser suspeito ao falar, tenho grande admiração pelo trabalho desenvolvido pela atual administração de Estrela/RS, principalmente no que tange a questões ambientais, sociais e de saúde. O trabalho desenvolvido é metódico e de médio e longo prazo, já que "milagres"  imediatos não são possíveis em áreas tão carentes e sabidamente abandonadas pelas políticas públicas brasileiras. Fato que gera especulações e maldizeres por partes das ditas "oposições", que ainda vivem em tempos passados e não se conscientizaram que só a união de todos provoca mudanças e progressos universais. Natural então, infelizmente, ainda nos depararmos com interesses políticos e interesseiros ao invés de efetiva colaboração que vise ao bem comum.
Na noite de 06/02/2012, a atual administração de Estrela apresentou, em audiência pública, a primeira etapa do Plano de Saneamento do município, na sede da Comunidade Evangélica de Estrela. Apesar do mau tempo, um número razoável de pessoas teve a oportunidade de verificar a real situação da cidade em todos os setores que envolvem uma área tão crucial como essa. O trabalho foi desenvolvido pela Ampla Assessoria e Planejamento, de Florianópolis (SC), especializada em prestar consultoria e assessoria nas diversas áreas do saneamento básico. A empresa, vencedora de processo de licitação, fez uma detalhada explanação, onde engenheiros habilitados por área mostraram o atual estágio em que o município se encontra. Segundo a empresa e a Secretaria do Meio Ambiente, as demais etapas (três) devem ser apresentadas, também em audiência pública, até abril do corrente ano.
Por ser um assunto um tanto delicado e que envolve muitos dados, a palestra mostrou-se, além de esclarecedora,  um tanto longa e cansativa. Mas em caso de apresentações de diagnósticos, não há como fugir disso. Mesmo assim, a participação do público manteve-se fiel até o término da sessão, o que reforça que o assunto demonstrou grande interesse.
Passada a palavra a esse público, diversas manifestações, muito pertinentes, diga-se de passagem, foram entoadas por pessoas da comunidade, autoridades e administração.
O Ministério Público, através do promotor Daniel Cozza Bruno, explanou sobre a importância e obrigatoriedade do Plano de Saneamento, além de colocar o MP à disposição da comunidade e manifestar o dever de apoiar e principalmente fiscalizar essa ação municipal. O que é dever também de toda a sociedade envolvida. Também fizeram uso da palavra representantes do poder legislativo, da atual empresa responsável pelo controle e fornecimento de água, a Corsan, do representante do Batalhão Ambiental da BM - Patram, e do Conselho de Meio Ambiente, através do Sr. Manfred. Lamentável que alguns tentaram diminuir o evento usando argumentos totalmente incabíveis, tais  como horário, data e local. Sem falar no tom visivelmente político, arrogante e autoritário que deram às suas falas. Esses direcionaram  então, fazer da apresentação de uma etapa que se consistia tão somente num diagnóstico numa já elaborada pré-constituição de soluções sem o menor cabimento.
Isso para mim foi uma péssima, mas não surpreendente surpresa. Já sei muito sobre a  má vontade, por parte de alguns, quanto às ações ambientais desenvolvidas aqui. Eles mesmos se forem analisar seus próprios questionamentos de forma fria e ética, notarão a total falta de fundamentação de seus propósitos, ditos em nome de quem afirmam representar: o povo. Ora, para se discutir os problemas do município questões como local, hora e data são totalmente irrelevantes. Se existe vontade de se encontrar soluções, isso não é empecilho e muito menos importa.
Quanto à grata surpresa, foi descobrir a pessoa do Sr. Manfred, representante do Conselho do Meio Ambiente. Além de dar uma verdadeira aula de conhecimento de causa, geólogo que é, usou de argumentos com uma fundamentação inquestionável, derrubando assim, as tentativas de manipular uma situação que visava tão somente  a esclarecer o que hoje existe, para futura busca por soluções. Como ele disse, "devemos deixar de lado as picuinhas" e buscar AGORA, JÁ, soluções pra esse problema tão grave e que se arrasta por tanto tempo. E frisou, diante das afirmações de que o que está sendo feito é muito pouco, "que pelo menos já foi dado o primeiro passo, antes nada havia sido feito". Concordo plenamente com o senhor. Precisamos ouvir isso mais vezes. Colocar o dedo na "ferida suja e interesseira" que se tornou a nossa política e buscar soluções que atendam toda a população. Não se preocupar somente com os seus "currais eleitorais" sob o pretexto de fazer a sua parte.
Parabéns, novamente, Sr. Manfred. Não o conhecia. Torno-me grande admirador seu.
Quiçá surjam outras pessoas interessadas e que saibam o que estão dizendo e fazendo por sua comunidade.
Pra finalizar, apenas mais um ponto negativo. Estamos às portas de um novo pleito municipal onde a cada dia surgem boatos sobre conchavos e alianças políticas. Sabemos, porém, que esses boatos têm alguns fundos de verdade e que muitos pré-candidatos já estão praticamente escolhidos. Pergunto: Se querem assumir uma administração e defender os interesses municipais sobre qualquer coisa (como cansam de discursar), onde estavam na noite de ontem que não acompanharam um evento que diz muito respeito à cidade e ao povo que querem representar? 
Ou tratar de lixo, esgoto, enchentes, resíduos não dá status nem rende fotografia em jornal?
E aqueles que só ficam sentados em cafés barbearias da cidade fazendo comentários depreciativos sobre o município, onde estavam? Falar mal é fácil, porque não ajudar nas soluções?
Posso até estar me igualando aos senhores e fazendo aqui, "picuinhas", como disso o nobre Manfred, mas o pretexto é de chamar a responsabilidade pra vocês também.
A união faz a força. Clichê, mas verdadeiro.
E parabéns aos que se envolvem de fato na busca de soluções.







Um comentário:

  1. Ótima reflexão Marcelo! Concordo em grau, gênero e número.

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